MITOS OU VERDADES?

O cateterismo cardíaco é um exame invasivo, feito sob anestesia geral, que avalia a anatomia (forma) e o funcionamento do coração. Uma de suas vantagens, além de ser mais preciso no diagnóstico, é que, dependendo do problema congênito encontrado, ele pode ser usado também para correção, no mesmo procedimento, evitando, dessa forma, a cirurgia cardíaca de peito aberto.

O exame consiste na introdução de um cateter (tubo flexível) numa artéria, veia ou ambos, pela região da virilha, braço ou pescoço da criança, que vai até o coração. Durante o procedimento, é injetado contraste pelo cateter que, ao chegar no órgão cardíaco, dá, como efeito, imagens de raio X em movimento, que mostram nitidamente as estruturas e o funcionamento do coração. O cateterismo cardíaco infantil é um exame seguro e eficaz, feito rotineiramente em grandes centros cardiológicos.

Pergunta do momento no consultório e nas minhas redes sociais: meu filho cardiopata pode e deve ser vacinado contra a febre amarela?

Se ele foi operado na infância e teve a glândula timo retirada nesse procedimento, mesmo que tenha sido há vários meses ou anos, a resposta é não, pois, nessa condição, ele tem o sistema imunológico mais frágil. Se o seu filho não foi operado, vai depender muito do quadro clínico dele no momento: se mais fragilizado, é contraindicada a vacinação, se estável, está liberada.

No caso de a criança não poder ser vacinada, seja porque já foi operada ou está fragilizada, a recomendação é que ela não frequente áreas de risco na cidade, como parques com matas silvestres, e não viaje para o interior do estado de São Paulo, inclusive Mairiporã, Atibaia, ou outras as regiões com registros de casos da febre em humanos ou macacos.

As demais crianças, quando indicado, podem tomar a vacina a partir dos 9 meses de idade.

Quando estiver nas áreas de risco, é importante manter a criança que não foi vacinada, seja ela cardiopata ou não, protegida com repelente contra insetos, no corpo todo e durante as 24 horas do dia. Além disso, é aconselhável que ela use roupas claras e compridas e durma com mosqueteiro na cama ou telas nas janelas.

É imprescindível limpar possíveis focos de mosquitos nas proximidades, como aqueles que se formam em águas paradas nas poças, vasos e pneus.

Porém, mamães e papais, atenção, não há motivo para pânico! Se vocês não moram em cidades e regiões de alerta da Secretaria de Estado da Saúde, não há motivo para correr para a vacinação.

Em caso de dúvida, vocês já sabem: consultem sempre um médico!

Cansaço nas mamadas  ou nas brincadeiras, pontas dos dedos e/ou lábios roxos, dificuldade de ganho de peso e respiração acelerada mesmo em repouso. Se o seu filho apresenta esses sintomas, isso merece atenção e uma consulta com o cardiopediatra.

Somente esse especialista pode afastar ou confirmar uma doença cardíaca, assim como tratá-la adequadamente, seja com medicamentos, cateterismo, cirurgia ou apenas com acompanhamento clínico. Lembre-se: as doenças do coração podem se manifestar em qualquer fase da vida mesmo para quem nasceu com o coração saudável. Na dúvida, você sempre pode contar com o cardiopediatra, para orientá-lo.

Quando a terapia com medicamentos não têm mais efeito para manter o coração funcionando, de maneira a garantir uma boa circulação de sangue e nutrientes no organismo, o suporte circulatório mecânico pode ser a única possibilidade para o paciente.

Esse suporte se constitui na instalação de uma bomba que substitui a função do coração. Em alguns casos, ela é acrescida de uma membrana externa ao corpo que simultaneamente substitui a função do pulmão de oxigenar o sangue.

O médico especialista em suporte circulatório mecânico é apto a identificar o momento em que é preciso instalar o mecanismo para dar suporte ao coração e, quando necessário, ao pulmão. Ele também está capacitado para calibrar e monitorar o funcionamento desses equipamentos, bem como lidar com complicações durante o tempo de uso.

É ainda capaz de conduzir a equipe que trabalha na manutenção do equipamento de suporte circulatório, 24 horas por dia. Avalia também as condições para a retirada do dispositivo (caso tenha havido a recuperação cardiocirculatória), para sua troca (por exemplo, por outro de um de maior durabilidade) ou para a indicação de transplante cardíaco.

Cerca de 1 a 2 de cada 1000 recém-nascidos vivos apresentam cardiopatia congênita crítica que são aquelas que se manifestam no período neonatal por meio de hipóxia, insuficiência cardíaca ou baixo débito sistêmico e que demandam intervenção no primeiro mês de vida.

O teste do coraçãozinho ou da oximetria é um exame de triagem realizado logo ao nascimento do bebê que é valioso, pois sinaliza para o diagnóstico das cardiopatias críticas.

Caso uma anomalia crítica não seja detectada nessa fase da vida (o que ocorre em cerca de 30% destes recém-nascidos que recebem alta do hospital sem o diagnóstico) e a criança não seja tratada, ela pode apresentar choque, hipóxia (queda no nível de oxigênio no sangue) e até mesmo óbito.

O teste é muito simples: realiza-se a medição do nível de oxigênio no sangue pelo exame de oximetria de pulso, em todo recém-nascido mesmo que aparentemente saudável, com idade gestacional acima de 34 semanas, antes da alta hospitalar.

A medição é realizada entre 24 e 48 horas de vida, na mão direita e também em um dos pés, sendo que ambos precisam estar aquecidos.

O teste é eficiente para indicar a anomalia em 75% do casos. Em outras palavras, algumas cardiopatias críticas podem não ser detectadas através dele.

É importante ressaltar que o teste do coraçãozinho não descarta a necessidade de realização de exame físico minucioso e detalhado em todo recém-nascido, antes da alta hospitalar.

Recebo muito a pergunta:
Dra. Van, minha cardiopatia ou a cardiopatia do meu filho é grave?
Vamos juntos deixar isso bem arrumadinho na nossa cabeça utilizando a classificação das cardiopatias do Ministério da Saúde

1. Cardiopatias críticas – são aquelas que se manifestam no período neonatal por meio de hipóxia, insuficiência cardíaca ou baixo débito sistêmico e que demandam intervenção no primeiro mês de vida, tais como:

a. Cardiopatias com fluxo pulmonar dependente do canal arterial: atresia pulmonar com septo íntegro, atresia pulmonar com comunicação interventricular (CIV), tetralogia de Fallot com atresia pulmonar, estenose pulmonar crítica, dupla via de saída de ventrículo direito com estenose pulmonar acentuada, ventrículo único com atresia ou estenose pulmonar acentuada;
b. Cardiopatias com fluxo sistêmico dependente do canal arterial: síndrome de hipoplasia do coração esquerdo, interrupção do arco aórtico, coarctação de aorta crítica, estenose aórtica crítica, ventrículo único com estenose aórtica crítica ou coarctação de aorta crítica ou interrupção do arco aórtico;
c. Cardiopatias com circulação em paralelo: transposição das grandes artérias, conexão anômala total de veias pulmonares – forma obstrutiva;
d. Cardiopatias com shunt misto: tronco arterial comum, ventrículo único sem estenose pulmonar; e
e. Arritmias cardíacas: bloqueio atrioventricular total congênito.

2. Cardiopatias graves – são as cardiopatias que não se enquadram na categoria anterior, porém ocasionam sinais de insuficiência cardíaca ou hipóxia e geram a necessidade de intervenção cirúrgica no primeiro ano de vida, como:

a. Cardiopatias com shunt esquerda-direita exclusivo e hipertensão arterial pulmonar secundária: CIV grande, defeito total do septo atrioventricular, canal arterial grande, janela aorto-pulmonar;
b. Cardiopatias com shunt misto ou shunt direita-esquerda exclusivo: ventrículo único funcional com ou sem estenose pulmonar, tronco arterial comum, dupla via de saída de ventrículo direito, tetralogia de Fallot, conexão anômala total de veias pulmonares; e
c. Cardiopatias obstrutivas (de grau acentuado): estenose aórtica acentuada, estenose pulmonar acentuada, coarctação de aorta acentuada.

3. Cardiopatias moderadas – são aquelas que não cursam com sinais de insuficiência cardíaca ou hipóxia ao longo do primeiro ano de vida, mas que demandam correção do defeito ainda na infância, como, por exemplo:
a. Comunicação interatrial (CIA) grande, CIV moderada, anomalia de Ebstein da valva tricúspide, estenose pulmonar ou aórtica de grau moderado, coarctação de aorta de grau moderado, insuficiência pulmonar ou aórtica de grau moderado.

4. Cardiopatias discretas – são os defeitos cardíacos sem repercussão ou com discreta repercussão hemodinâmica e que prescindem de correção na infância, tais como:
a. CIV, CIA ou persistência do canal arterial (PCA) pequenos;
b. Valva aórtica bicúspide com disfunção discreta; e
c. Estenose pulmonar discreta.

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