Hormônio do Crescimento em Crianças com Cardiopatia Congênita: Quando é Indicado e Quais os Cuidados

Especialistas: Hormônio do crescimento em crianças com cardiopatia — é seguro?

Neste episódio do quadro “Especialistas”, a Dra. Vanessa Guimarães recebe a endocrinologista pediátrica Dra. Júlia Melardi para responder uma dúvida cada vez mais frequente entre pais de crianças cardiopatas: o hormônio do crescimento pode ser utilizado com segurança?

A entrevista traz uma explicação clara sobre critérios de indicação, riscos cardiovasculares, efeitos colaterais e o monitoramento necessário para que esse tipo de tratamento aconteça com segurança.


Quando suspeitar de baixa estatura?

Existem três situações principais que podem levar à investigação de baixa estatura:

  • Altura abaixo do percentil 3 para a faixa etária
  • Redução na velocidade de crescimento ao longo do tempo
  • Altura abaixo do alvo familiar esperado

Nesses casos, é iniciada uma avaliação clínica e laboratorial detalhada para identificar possíveis causas que estejam interferindo no crescimento.


O que é avaliado antes de indicar o hormônio do crescimento?

A análise envolve uma avaliação completa de todo o organismo da criança, incluindo:

  • Funções renal, hepática e intestinal
  • Avaliação do sistema endócrino
  • Identificação de síndromes genéticas associadas

A partir desses resultados, o hormônio do crescimento (GH) pode ser indicado para:

  • Crianças com deficiência de GH
  • Síndromes genéticas como Noonan, Turner e Prader-Willi
  • Crianças com doença renal crônica
  • Baixa estatura idiopática (sem causa identificada)

Pode usar GH em crianças com cardiopatia congênita?

Sim, mas com muito cuidado e acompanhamento multidisciplinar.

O uso de GH em crianças com cardiopatia deve ser sempre acompanhado de perto por um cardiologista pediátrico, um endocrinologista e, quando necessário, outros profissionais.

A segurança e a eficácia do tratamento dependem de fatores como:

  • Avaliação clínica detalhada, com exames de imagem e função cardíaca
  • Estabilidade clínica da cardiopatia
  • Momento do tratamento, considerando se a criança está pré ou pós-cirurgia

Quais os efeitos do GH no coração?

O hormônio do crescimento pode trazer efeitos benéficos, como:

  • Aumento da massa cardíaca
  • Melhora da força e desempenho do coração
  • Maior tolerância ao exercício

Por outro lado, há também riscos potenciais, como:

  • Hipertrofia miocárdica exagerada
  • Retenção de líquidos e aumento da pressão arterial
  • Maior risco de arritmias

Por isso, o tratamento deve começar com doses baixas, acompanhado de monitoramento contínuo da resposta clínica e dos efeitos colaterais.


Como é feito o monitoramento?

Durante o tratamento com GH, é necessário acompanhar:

  • Exames de função cardíaca (como ecocardiograma e teste ergométrico)
  • Metabolismo (glicemia, perfil lipídico, função renal)
  • Pressão arterial
  • Crescimento e resposta ao tratamento

Caso os resultados não sejam satisfatórios ou surjam efeitos colaterais importantes, o tratamento deve ser ajustado ou interrompido.


Conclusão

O uso de hormônio do crescimento em crianças com cardiopatia congênita não está contraindicado, mas exige um acompanhamento rigoroso, individualizado e multidisciplinar.
Com os devidos cuidados, é possível promover o crescimento saudável dessas crianças sem comprometer a função cardíaca.

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