A hipertensão infantil é uma condição cada vez mais comum — e silenciosa. Sem sintomas visíveis, pode comprometer a saúde do coração e dos rins ao longo da vida. A boa notícia é que, com diagnóstico precoce e cuidados certos, é possível controlar e até prevenir a pressão alta desde cedo.
Neste artigo, a Dra. Vanessa Guimarães, cardiologista pediátrica, explica tudo o que pais e responsáveis precisam saber sobre o assunto.
Por que a pressão alta em crianças merece atenção?
A pressão arterial elevada pode não apresentar sintomas claros, mas causa danos importantes ao organismo: coração sobrecarregado, rins prejudicados e risco aumentado de AVC no futuro.
Por isso, o monitoramento desde a infância é essencial — principalmente quando há fatores de risco como:
- Obesidade
- Alimentação rica em sal e gordura
- Sedentarismo
- Histórico familiar de hipertensão
Como é classificada a pressão arterial infantil?
Diferente dos adultos, em crianças a pressão é classificada com base em percentis, considerando idade, sexo e altura. Veja a tabela:
Classificação | Percentil |
---|---|
Pressão normal | Abaixo do percentil 90 |
Pressão elevada | Entre os percentis 90 e 95 |
Hipertensão estágio 1 | Entre os percentis 95 e 99 |
Hipertensão estágio 2 | Acima do percentil 99 |
Essa classificação é feita em consultas médicas com medição repetida da pressão arterial.
Quais são os sintomas da pressão alta infantil?
Na maioria dos casos, a hipertensão não dá sinais evidentes. Mas alguns sintomas podem surgir, como:
- Dor de cabeça frequente
- Cansaço
- Visão embaçada
- Falta de ar
- Desmaios
Quais são as causas da hipertensão infantil?
A hipertensão pode ser classificada em dois tipos:
Hipertensão primária
Mais comum em adolescentes, está relacionada a hábitos de vida como alimentação inadequada, sedentarismo e excesso de peso. Não há uma doença de base associada.
Hipertensão secundária
Mais comum em crianças pequenas, é causada por problemas nos rins, distúrbios hormonais ou uso de certos medicamentos.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito por meio de medições repetidas da pressão arterial durante consultas médicas. Se houver suspeita, o pediatra pode solicitar exames como:
- Exames laboratoriais
- Ultrassonografia abdominal
- Avaliação hormonal
- Ecocardiograma
Esses exames ajudam a confirmar a pressão alta e identificar possíveis causas secundárias.
Como é feito o tratamento?
Mudanças no estilo de vida são a primeira linha de tratamento e, muitas vezes, suficientes. Isso inclui:
- Redução do consumo de sal
- Alimentação rica em frutas, legumes e verduras
- Diminuição de alimentos processados e gordurosos
- Estímulo à atividade física
- Controle do peso
Uso de medicamentos
Quando as mudanças no estilo de vida não são suficientes ou o caso é mais grave, o médico pode indicar:
- Inibidores da enzima conversora da angiotensina (como enalapril e captopril)
- Bloqueadores dos canais de cálcio (como anlodipino)
- Diuréticos
- Betabloqueadores (como atenolol ou propranolol)
A medicação será definida de acordo com o perfil da criança e sempre com acompanhamento médico especializado.
Conclusão
A pressão alta em crianças e adolescentes é um problema de saúde que exige atenção. Com diagnóstico precoce, mudança de hábitos e, quando necessário, tratamento medicamentoso, é possível controlar a condição e evitar complicações futuras.
O papel dos pais é fundamental nesse processo: acompanhar a saúde cardiovascular dos filhos, promover uma rotina saudável e garantir o acompanhamento médico são atitudes que fazem toda a diferença.
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