Você sabia que algumas pessoas nascem com uma pequena modificação no coração que pode passar despercebida por muitos anos? Estamos falando da valva aórtica bicúspide, uma condição relativamente comum, mas pouco discutida.
Neste artigo, a Dra. Vanessa Guimarães, cardiologista pediátrica, explica de forma clara e objetiva o que é essa condição, seus riscos e quando ela exige atenção médica.
O que é a valva aórtica bicúspide?
A valva aórtica é uma das principais estruturas do coração — ela controla a passagem do sangue do ventrículo esquerdo (o maior compartimento do coração) para a aorta, a maior artéria do corpo.
O normal é que essa valva tenha três cúspides (ou folhetos). Mas em algumas pessoas, ela se forma com apenas duas cúspides — e é aí que temos a chamada valva aórtica bicúspide.
Essa condição é congênita, ou seja, está presente desde o nascimento, e afeta de 1% a 2% da população. Muitas vezes, não causa sintomas na infância ou juventude, e só é descoberta por acaso em exames de rotina, como o ecocardiograma (ultrassonografia do coração).
Quais os riscos e complicações?
Mesmo que silenciosa no início, a valva bicúspide pode evoluir com o tempo e gerar complicações importantes:
- Estenose aórtica
A valva pode se estreitar, dificultando a saída do sangue do coração. Isso pode causar: - Cansaço fácil
- Falta de ar
- Desmaios
- Insuficiência aórtica
A valva não se fecha completamente, fazendo o sangue voltar para o coração. O resultado? Inchaço, cansaço e dificuldade para respirar. - Aneurisma da aorta
A raiz da aorta pode se dilatar progressivamente, aumentando o risco de rompimento — uma emergência grave e que exige atenção imediata.
Quando a valva precisa de cirurgia?
Nem todos os casos exigem cirurgia. Se a pessoa não apresenta sintomas e a valva funciona relativamente bem, o tratamento pode se limitar a monitoramento regular com exames.
Mas se houver sinais de estenose, insuficiência ou dilatação da aorta, o médico pode indicar a substituição ou reparo da valva — um procedimento seguro e com ótimos resultados quando realizado no momento certo.
Diagnóstico e acompanhamento
O diagnóstico é feito por meio de exames como:
Ecocardiograma
Ressonância cardíaca (em alguns casos)
Acompanhamento com um cardiologista é fundamental para:
Avaliar a progressão da doença
Detectar precocemente possíveis complicações
Planejar o tratamento, se necessário
E na infância?
Embora a valva bicúspide possa não gerar sintomas nos primeiros anos de vida, é importante ficar atento. Crianças com histórico familiar ou sopros cardíacos detectados em consulta devem ser avaliadas com exames específicos.
Conclusão
A valva aórtica bicúspide é uma condição relativamente comum, que pode não causar sintomas por muitos anos, mas que exige atenção e acompanhamento médico para evitar complicações graves no futuro.
Se você ou seu filho têm essa condição, ou se há suspeita, procure um cardiologista de confiança. O cuidado começa com a informação e quanto mais cedo ela chega, melhor.
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Até o próximo post!